Da Pressão à Consciência: A Nossa Forma de Fazer Moda

Edições limitadas, impacto real e um compromisso que não cabe em liquidações.

Desde que a Meshmess começou, houve sempre uma missão que não deixou margem para dúvidas: despertar as pessoas para serem elas próprias, sem comprometer valores. Mas chegar aqui não foi um processo linear. Entrar no universo da moda consciente trouxe-me uma verdade simples e desconfortável: eu não sabia gerir uma marca sustentável. Sabia zero. E vinha carregada de hábitos do setor que, durante muito tempo, pareciam normais e o único caminho possível.

Campanhas constantes, descontos agressivos, pressão para bater números, tudo isso moldava a minha forma de trabalhar. E, quando vivemos assim, passamos a olhar apenas para o que tem de ser feito, esquecendo o impacto real das escolhas. Foi preciso parar, observar e admitir que estava a contribuir para um sistema com o qual já não me identificava.

Essa tomada de consciência não é romântica. É, na verdade, aterrorizante.

Não foi fácil admitir que, mesmo com as melhores intenções, estava a cair em velhos padrões. É desafiante assumir que é preciso fazer diferente, mesmo que isso custe crescimento, vendas, validação externa ou até comprometer a vida pessoal.

Sempre tivemos a sustentabilidade no processo, mas nunca imaginei que a minha escolha chegaria a um ponto em que já não existe outra forma possível de produzir. Há momentos em que apetece parar completamente de fazer roupa e encontrar outra forma de comunicar o que acredito e defendo. Porque o mundo está saturado de peças de que ninguém precisa, e falar de compra responsável com verdade, dentro deste cenário, é um desafio diário.

Foi precisamente por isso que, desde a nossa campanha de desapego, tomámos uma decisão simples e radical: não fazemos descontos só porque o mercado manda. Se algum dia fizer sentido, serão pontuais e conscientes. Até lá, escolhemos sustentar o que acreditamos.

O caminho até aqui teve erros, claro. Muito investimento mal feito. Peças em caixotes. Dúvidas constantes. Mas também teve crescimento, aprendizagem e, acima de tudo, responsabilidade. Hoje produzimos menos , muito menos  mas infinitamente melhor. Continuamos a trabalhar apenas com desperdícios têxteis e excedentes de stock. E escolhemos parceiros que tratam as suas equipas com dignidade.

Esta parte não é negociável. Para nós, trabalho digno é ainda mais importante do que a peça final.

Neste momento, o nosso foco é claro: as Flex One. Uma peça unissexo, de vestibilidade única, pensada para convidar cada vez mais pessoas a expressarem a sua individualidade. Outras peças podem surgir? Podem. Mas não é o objetivo. Prefiro fazer pouco, fazer bem e dormir tranquila.

E é por isso que não há saldos, nem Black Friday, nem campanhas frenéticas a empurrar consumo. O nosso preço é justo, paga dignamente todas as mãos envolvidas e assegura a continuidade de um projeto responsável.

Não competimos com gigantes que produzem em massa fora de Portugal. Não queremos competir. O nosso caminho é outro: edições limitadas, consciência, impacto real. No que somos iguais a qualquer outra marca? Vendemos roupa. Só isso. No que fazemos diferente? Tudo o resto.

Porque, no fim, a Meshmess não é sobre roupa. É sobre escolhas. Sobre respeito. Sobre verdade. Sobre a coragem de fazer menos quando o mundo grita por mais. E sobre criar um futuro onde vestir também é um ato de consciência.

Formulário de contacto